Insónia.
Calma? Não! Acelerada. Sim! Vou num comboio tão rápido para um qualquer lado, que não vislumbro paisagem pela janela. Apenas um esborratado de cores tal é a velocidade.
Sinto-me uma personagem num filme do Woody Allen em fast forward! Introspectivo a cem à hora. Nada faz muito sentido, ou se o faz neste momento escapa-me à inteligência.
Valha-me a tv cabo, com a sua mediocridade repetitiva. Faz-me sentir que o tempo não passa na realidade.
Acho que as outras pessoas não pensam tanto na vida nem analisam tanto as coisas como eu. Acho que são infinitamente mais felizes, porque o são despreocupadas das questões mais profundas da existência. Ou se não o são fingem-no muito bem, ou então são tremendamente hipócritas.
Aquilo que durante tantos anos encarei como vantagem e que achava que me destiguia em relação aos que me rodeiam, a minha percepção e capacidade de análise, volta-se então contra mim da pior maneira, virando-me contra mim próprio.
É tempo de me sabotar e cortar o fio. Desacelerar e viver a vida calmamente e ver nítida a paisagem. É isto que quero. Só tenho de descobrir como o fazer. Como chegar ao Maquinista. E depô-lo!