domingo, 30 de maio de 2010

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Hoje ainda não ouvi o som da minha voz.
Não falei com ninguém, ninguém falou comigo.

Acordei surpreendentemente triste.

Obriguei-me a sair de casa. Sem destino. Sem uma razão. Creio ter andado 2 horas de carro. Acelerei, travei, virei, parei, tudo mecanicamente. Como se não estivesse lá. E não era ali que queria ter estado, mas forcei-me a estar. Para ouvir barulhos, ver movimento, para me obrigar a pertecer. Porque se tivesse ficado em casa, senti que estaria a perder algo, não estaria a pertencer.

E agora que regressei, sou a mesma pessoa que saiu de casa. Com o mesmo senso de vazio com que parti. O que vi, não me interessou. Ao que vi, não queria pertencer.

Podia ter parado o carro e misturar-me na confusão. Havia tanto movimento nas ruas. Atravessei Lisboa demoradamente e podia ter parado em tanto outro lugar. Mas não! Para quê?

Como se já tivesse vivido isto tudo, como se já soubesse tudo o que todos tem para dizer, já vi e antevi tudo.

A ânsia continua cá. Uma ânsia de algo que não sei explicar. Como se do que me rodeia estivesse eu farto, e como se eu morresse de saudades de algo que não sei o que é!

Hoje ainda não falei...curiosamente, nenhuma falta fez!

2 comentários:

Blog Liker disse...

O facto de te teres obrigado a sair de casa já é bom sinal. Pode não resolver tudo, mas ajuda. Provavelmente, o que procuras não está ao virar da esquina, terás é de ser paciente. E caramba, não é Inverno: deixa o sol ajudar.

Um abraço.

Pedro disse...

Blog Liker,
Continuarei a ser paciente e deixarei sim o sol ajudar-me. Tudo tem outra cor assim. Obrigado:)

Abraço.